Cabo Espichel, um ano depois.

Fui hoje ao Cabo Espichel, via Apostiça, Alfarim, Aldeia do Meco, Azoia…

A manhã estava excelente e o Cabo estava bem frequentado. Abrandei a GS á chegada, mas não parei, desviei-me para a esquerda e em pé entre no caminho que desce por trás dos edifícios. Parei a GS e arrumei o capacete mais as luvas na mala lateral.

A brisa de NW mal se sentia, abri o blusão e subi a colina do lado do farol. Do cimo a vista é esmagadora.

Aquele céu azul que cai e junta ao mar na linha do horizonte, obriga-nos a olhar para cima, sente-se o seu peso, mostra-nos como somos pequenos.

Em baixo as vagas empurradas pela brisa, levantavam-se em crista, onde um véu de névoa se estendia para trás.

Levadas assim, cresciam até se desfazerem nas pedras da falésia, envoltas num vestido de espuma branca acentuada pela forte luz do sol radioso. Chamo-lhes as noivas.

Toda a grandiosa dimensão do que me rodeava me fazia sentir mais pequeno.

No alto do Cabo, senti-me só, uma ilha, pequena pedra a tentar resistir ao mar forte da vida que me rodeava e me oprimia. A resistir á emoção que o local e a data transmitiam.

Despedi-me do local e do amigo que não estava.

Voltei á GS, pus o capacete, calcei as luvas, liguei a chave, o boxer fez-se ouvir, fechei o blusão e arranquei.

Em pé na GS, subi o caminho que antes tinha feito a pé, contornei pelo farol e cheguei ao largo do cruzeiro. 

Não parei, estava só, não fui ver quem lá estava. 

Azoia, Zambujal, Santana, Maçãs, as curvas até Azeitão…e GS na garagem.